A demora em obter a primeira colheita sempre foi um dos gargalos na cultura da macaúba, uma das mais promissoras fontes de matéria-prima para a produção de biocombustíveis, dentre outros itens. Essa limitação acaba de ser superada por pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa, que desenvolveram técnicas para o manejo racional da lavoura, aumentando a precocidade das plantas. Com isso, avalia o pesquisador Sérgio Yoshimitsu Motoike, professor do Departamento de Fitotecnia da UFV, o produtor que optar por essas técnicas de cultivo poderá antecipar em dois anos a colheita, com influência direta na viabilidade econômica da cultura.
Na natureza, informa o professor Sérgio Motoike, uma planta de macaúba pode levar mais de uma década para iniciar sua produção. Com base em observações feitas pela Epamig, nos anos 80 do século passado, a expectativa para o início da produção de cocos em cultivos racionais era de seis anos após o plantio das mudas no campo.
Em experimentos conduzidos pela equipe da UFV, as primeiras mudas obtidas a partir de sementes pré-germinadas (técnica desenvolvida pelos próprios pesquisadores) completam três anos em outubro próximo. Observações realizadas no início do mês passado, os pesquisadores constataram que as plantas já atingiram a maturidade sexual, emitindo as primeiras espatas, que darão origem aos cachos.
Vantagens da macaúba em relação a outras fontes
Palmeira encontrada em grandes áreas do cerrado brasileiro, a macaúba proporciona alta produtividade de óleo comparado à que se obtém com outras oleaginosas. A produção pode variar de 2,5 mil a 6 mil quilos de óleo por hectare, dependendo do material genético, dos tratamentos silviculturais e da densidade de plantio. Para que se tenha idéia do que isso representa, a produção da soja é de cerca de 500 a 600 quilos de óleo vegetal por hectare.
Um dos entraves mais sérios para a produção comercial foi a domesticação da palmeira, explorada de forma incipiente, há gerações, pelas populações sertanejas. O passo inicial foi o desenvolvimento da técnica de germinação em laboratório por pesquisadores da UFV, rompendo a chamada dormência da capacidade reprodutiva da macaúba, relata o professor Sérgio Motoike.
A germinação natural da semente da palmeira é pobre, alcançando no máximo 3%, ensina o pesquisador. A técnica desenvolvida na UFV consiste em um conjunto de sete tratamentos e eleva a taxa de germinação para 80%. “O produto dessa técnica é a semente pré-germinada, que tem potencial de estabelecimento superior a 90% em viveiro”, afirma o professor Sérgio. A técnica foi patenteada pela UFV, que assinou convênio de transferência de tecnologia e concedeu licença à Acrotech, para que pudesse utilizar comercialmente o processo, mediante recolhimento de royalties.
As pesquisas estão voltadas para o desenvolvimento da primeira variedade de polinização aberta de macaúba, o que demandará oito anos de experimentos. O projeto tem o objetivo de produzir 8 milhões de sementes selecionadas, de qualidade genética conhecida.
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